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Em um presente distópico, ainda continuo com a utopia à altura dos olhos. Depois de muito tempo respirando fumaça e caminhando por ruínas daquilo que ainda não foi construído, procurei no entulho vestígios do passado dos meus esquecidos. Vencida, comecei correr atrás do futuro desconhecido e me dei conta de que existe uma revolta cozinhando nas panelas das cantineiras mal-humoradas, ela está para acontecer e a percebo na displicência dos garçons apressados. Tenho visto seus vestígios na fumaça do cigarro das faxineiras que fumam nos banheiros, na roupa mal passada pela empregada, na obra demorada do pedreiro. Está para acontecer essa revolta, e ela será inevitável. E eu a escuto sempre na ligação muda da operadora de telemarketing que desliga. Eu vi de novo seu rastro na atendente que nunca dá razão ao cliente. Sim, ela está para acontecer, ontem mesmo vi o lixo rasgado que o lixeiro deixou pra trás, vi a atendente do fast-food inexpressiva. Vejo ela avançar, se organizar. Alguns tomaram a frente e gritam que essa revolta será pela retomada de poder.  
 NA ALTURA DOS OLHOS

Abre Caminho


em exibição na exposição 7ª Bolsa Pampulha
Museu de Arte da Pampulha — BH
2019
Instalação composta por 10 uniformes
Vídeo com 4 canais
Texto Na Altura dos Olhos


 

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